O Executivo deu o primeiro passo no regresso a normalidade. No entanto a economia necessita urgentemente de mais medidas para facilitar o crescimento económico.

O regresso de férias trouxe algum alívio no combate à pandemia. O processo de vacinação avança, assegurando uma protecção razoável aos grupos de maior risco, e os números de incidência mantêm-se num patamar controlado, o que deu a confiança necessária ao Executivo para o primeiro passo no alívio de algumas medidas restritivas para pessoas e empresas.

Por esta altura, e com cerca de 18 meses de pandemia, podemos ter já uma ideia razoável do que nos espera no futuro próximo, e, portanto, devemos analisar quais as principais prioridades e consequências para a economia e para as empresas. Do consenso internacional, o vírus circulará entre nós por vários anos, até que eventualmente todos tenhamos contacto com ele, sendo que preferivelmente este contacto se dê quando já estivermos vacinados e que não apareça nenhuma variante que consiga anular a protecção das vacinas existentes.

Este cenário identificado como o mais provável impõe que rapidamente nos adaptemos a esta realidade e que ela não continue a dificultar o desenvolvimento e crescimento económico que o Pais precisa para a criação de riqueza e postos de trabalho.

Em qualquer sociedade ou contexto pessoal ou profissional, as pessoas são sempre adversas à mudança, e agora que os governantes e a sociedade se conformaram com as restrições impostas pela pandemia, corremos o risco de ficarmos “agarrados” a elas indefinidamente, esquecendo o seu propósito inicial e o impacto que cada regratem nas nossas vidas.

Não é possível fomentar o investimento e desenvolvimento económico com barreiras à mobilidade

Olhando para as medidas e restrições que mais afectaram a actividade económica, podemos facilmente identificar as reduções nos horários e funcionamento do comércio e das empresas, como sendo as mais graves e que hoje e num futuro próximo provavelmente já não são justificáveis.

Também deveríamos reflectir sobre a necessidade das restrições de mobilidade de pessoas e bens, mantendo as devidas medidas de prevenção ao nível da utilização de máscaras e testagens. Não é possível fomentar o investimento e desenvolvimento económico com barreiras à mobilidade para Angola e dentro do Pais.

Finalmente no contexto social, existem muito poucos incentivos, ao nível do alívio de restrições para a população já vacinada. É fundamental dar confiança nas vacinas e fazer passar a mensagem de que vale a pena ser vacinado – mas para tal é preciso medidas mais concretas. Porque não reduzir a testagem e utilização de máscaras em espaços exteriores para os vacinados?

No lado das empresas, torna-se essencial introduzir regras para acomodar a nova realidade.

Como ponto de partida temos de admitir que a necessidade de utilização de máscaras em espaços fechados continuará no futuro próximo. Assim, a prioridade deve ir para todos aqueles que efectuam trabalho administrativo em ambientes partilhados.

Para estes devem ser implementadas regras de flexibilização laboral que permita a introdução de regimes mistos de trabalho em casa e no escritório. Também deve ser revista a necessidade de utilização de máscara, para todos aqueles que exercem actividades profissionais com esforço físico.

Não é razoável exigir a utilização de máscara para estas actividades. Devem sim, ser criadas condições de distanciamento e testagem por forma a controlar o risco de contágio e propagação.

Em conclusão, deixámos a fase aguda de medidas drásticas para uma pandemia, e entramos agora numa fase de “velocidade de cruzeiro” no combate a uma doença que provavelmente irá durar muitos anos. Para tal devemos avaliar de forma ponderada, a razoabilidade e utilidade de cada medida de restrição e prevenção, por forma a reduzirmos ao mínimo o impacto económico e pessoal na nossa sociedade.

 


Fonte: EXPANSÃO